segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Não posso adiar o coração



Não posso adiar o amor para outro século 
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ópio estale e crepite e arda
sob as montanhas cinzentas

Não posso adiar este braço
que é uma arma de dois gumes amor e ódio

Não posso adiar 
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
Não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração.

António Ramos Rosa