quinta-feira, 7 de maio de 2009

Perder-me

Perdi-me no tempo, nas horas, nos dias longos e nestas noites sem dormir.
Perdi-me em países distantes com calor húmido que quase não deixa respirar, e em rostos escuros e bonitos que surjem do nada e sorriem para mim.
Perdi-me em livros e em palavras, cujo sentido eu nem consigo explicar, mas que teimam em me cativar.

Perdi-me por estradas e becos, e ruelas de cidades desconhecidas onde me senti sozinha no meio da multidão, e perdi-me contente por entre toda essa gente.
Perdi-me em ondas grandes e em ondas pequenas, e em mares gelados e muito azuis, e perdi-me em pranchas grandes e largas para aprender a surfar.
Perdi-me ontem e no outro dia e ainda hoje me perco sempre que ouço essa música, e aquela outra que gosto de cantar.

Perdi-me em amizades tão boas e antigas e em conversas sem fim, e em excessos saudáveis que nos fazem descobrir-nos, e a beber um vinho aqui e um vinho ali e a perder-lhe a conta e a dizer tudo aquilo que dizemos sem pensar. E perdi-me em amizades novas e inspiradoras e que só essas não me deixam envelhecer.

Perdi-me contigo e com o teu olhar e com tudo isso que me fazes sentir e sonhar e ainda com tudo isso que tu dizes e descobres em mim, e me deixas brilhar.
Perdi-me já tanto e todos os dias em abraços e perfumes e em pessoas bonitas que passam por mim, e em pessoas menos bonitas que me cativam porque sim.
Perdi-me assim, em disparates, e em tanta outra coisa que agora não me lembro, como dançar, e flirtar, e ser eu, e não pensar.

Perdi-me e encontrei-me, e sim, gosto de me perder para me voltar a encontrar.