segunda-feira, 22 de junho de 2009

pequenos príncipes


Estirada na areia fecho os olhos e deixo-me lentamente adormecer com o som do mar ao fundo.
É das melhores sensações, esta, de nos deixarmos ir indo para o nosso mundo dos pensamentos, numa tarde com sol e em que deixamos as horas passarem devagar.
Ouço apenas algumas vozes, que devagarinho vão perdendo forma e sentido. Ouço ainda alguns gritos de crianças, ao longe, alguns gritos familiares (porque é que as crianças adoram gritar na praia?? Porque é que ainda por cima as minhas parece que são as que gritam mais alto???? É que ao ir adormecendo era mesmo só as vozes deles que parecia ouvir…. ) Sorrio já com os olhos fechados, ..é deixá-los gritar ali, em frente ao mar….felizes e contentes entre correrias, conchinhas e castelos na areia.

Já noutra dimensão aterro eu no meu castelo. Um castelo no qual vive um príncipe com olhos profundos, de pele morena e tatuagens no braço. Sorri-me ao ver-me, estica-me delicadamente a mão e convida-me a entrar.
Eu flutuo. Deixo de sentir os pés e o meu corpo, sinto apoderar-se de mim um formigueiro grande que quase me faz estremecer, mas entro. Entro e tudo é luz, luz de um sol luminoso que me ilumina a cara e eu sinto-me feliz.
“Vem” disse-me o príncipe de pele morena, vamos dançar!

Dançamos numa sala vazia, em que o moreno da minha pele parece fundir-se com o moreno da pele dele. A tatuagem em forma de flor vai ganhando forma enquanto dançamos, e como num passe de magia desprende-se do braço dele e vem ter comigo. “É para ti, uma flor para quem sonha, diz-me o príncipe”.
Pego na flor e prendo-a no meu decote.

De repente a música que tinha começado a tocar para nós dançarmos deixou de se ouvir e eu senti um arrepio. Deixei de ver aquele rosto bronzeado que sorria e que já me tinha conquistado….

Senti pingas, mais um grande arrepio e muitas mais pingas directamente a caírem na minha barriga. De repente os meus olhos abriram-se num sobressalto…

“Mãe, anda ver os meus mergulhos, mãe, anda mãe dorminhoca” Anda mãe!! e estas conchinhas que apanhei para ti, guarda, mãe"

E logo atrás outra voz quase em uníssono e assim de rompante e sem parar: ó mãe, encontrei o G. que é meu amigo lá do colégio e ele também trouxe a prancha de bodyboard e vou com ele ali pró fundo, olha mãe, anda connosco, posso ir mãe, olha……ali ao fundo, estás a ver, anda mãe, posso ir? …..”

Sorri ainda estremunhada e com aquela preguiça de quem lhe vê roubados momentos de evasão. Levantei-me. Em vez de um tinha ali bem perto e reais dois pequenos príncipes mais bonitos que o mar, que sorriam bronzeados e que também chamavam por mim.

Lá fui. Eu e os meus pequenos príncipes que me fazem sentir feliz todos os dias.