sábado, 27 de junho de 2009

A estrada


Seguem de mãos dadas, os dois.
Uma mão que agarra a outra, num simples gesto que os une mais do que qualquer palavra que possam querer dizer.
Seguem de mãos dadas sabendo que têm pela frente uma enorme estrada a percorrer. Uma estrada às vezes conturbada e perigosa, com desvios que às vezes os faz parar e estremecer.
Viramos? Seguimos em frente? Será que é melhor tu ires por ali e eu por aqui?
Encontramo-nos mais lá à frente?
A estrada é até perder de vista; lá ao fundo muito no fundo e envolta numa névoa parece haver uma subida, até um alto para lá do qual eles não conseguem ver mais nada.

Estão cansados, começam lentamente a sentir o cansaço de um trajecto há muito iniciado.
Mas seguem. De mãos dadas. E as palavras continuam a não fazer sentido.
Ele sabe até melhor do que ela, que ela se debate com a tentação de virar, de ir explorar aquele desvio que parece bem mais atraente e cheio de aventura do que uma estrada plana e certinha.
Ela, sabe que ele olha para essa estrada e que em certas alturas esse caminho deixa de fazer sentido e lhe apetece voltar atrás.

Mas depois sentem aquele calor que irradia por continuarem de mãos dadas. Aquelas mãos que se seguram uma à outra e que parece que tocam um e outro coração.
Olham-se olhos nos olhos por momentos, e naquele olhar não restam dúvidas. No olhar dele ela vê o Sol, e um amor que irradia;
No olhar dela ele vê a Lua, e um amor envolto em mistério que ele sabe não conseguir largar.
E sabem que o Sol só faz sentido se mais à noite existir a Lua, e que a Lua só brilha por saber que de manhãzinha nasce o Sol.

O caminho é em frente e eles seguem de mãos dadas.
Querem seguir assim até que a vida os torne velhinhos.